2008-06-30

viva o MFA!

- sempre fizeram alguma coisa. então e as pensões? antes do 25 de abril havia muita gente que não tinha qualquer pensão de reforma...
- não fizeram nada, isso já havia...
- mas não era geral. então e o serviço nacional de saúde que foi uma coisa tão importante..
- isso não foram eles que fizeram, isso foram os soldados!
- ah mas como os soldados em boa hora entraram na política passaram a ser políticos. foram soldados-políticos...
- sim está bem, nesse aspecto... mas depois quando entregaram isto aos políticos verdadeiros veja no que deu, tem sido assim nada, não têm feito nada por nós há quase quantenta anos. é só eles a encherem-se, a eles e às famílias deles.

2008-06-08

prática masculina

- é que as mulheres são muito mais agressivas a guiar do que os homens...
- ai acha isso? eu por acaso tenho uma opinião contrária. mas se calhar não se pode é generalizar ...
- eu não digo que elas não guiem bem. a mulher até é um bom volante - é justo que se diga. agora, são é mais agressivas que os homens. se elas acham que têm prioridade avançam... e prtestam, zangam-se. há-de ver nas passadeiras, as mulheres nunca páram bas passadeiras. tem que ver com a natureza delas. sabe o que é, a mulher é muito teórica...

2008-06-05

grémio, stop

- é para a rua da arrábida se faz favor.
- isso fica...
- é uma rua estreitinha que desce da silva carvalho para o rato.
- oh eu queria era ir para o outro lado, para perto do aeroporto...
- então mas se quiser eu saio e tomo outro táxi... estão aqui tantos na praça.
- não, nós não podemos recusar clientes.
- está bem não é o senhor que me recusa sou eu que vou noutro.
mas ele não me deixou sair e a viagem começou.
distraída pela incessante conversa sobre o azar que só ele, entre os colegas, tinha sempre pousada em cima da cabeça - se queria ir para leste aparecia um cliente que ia ir para oeste, só lhe apareciam serviços pequenos, ou para sítios onde não havia ninguém pelo que tinha de voltar vazio ("que faziam o cabrazão do patrão, que levava o dia a dormir sem fazer nada, a acusá-lo de fazer quilómetros a mais), nunca lhe aparecia ninguém com mala para o aeroporto ("os 1,60 da mala são para mim e não para o patrão") - não reparei que na praça de espanha tínhamos virado à direita, e não à esquerda, como é costume, nem que, na auto-estrada, não tínhamos virado à direita e descido para campolide, outro itenerário possível.
ao dar por mim a rolar em grande velocidade na av. de ceuta, interrompi-o:
- mas para onde é que o sr. está a ir?
- deixe estar que vai bem, subimos ali onde era o casal ventoso e estamos lá num instante. mesmo quando venho buscar o meu sobrinho, que vive na rua maria pia, venho sempre por aqui - não tem transito nem sinais e é sempre a direito. não está a ver o caminho que eu digo?
- não, não estou.
quando depois de uma subida íngreme e cheia de curvas aportámos finalmente à rua maria pia, o taxímetro marcava 6,70 e ainda faltava muito caminho para andar.
- o sr. não queria vir para este lado e resolveu compensar-se dando esta volta enorme...
- a senhora não pense isso de mim, eu juro pela saúde dos meus filhos.
- não penso nada, só sei é que faço este caminho duas vezes por semana, a esta hora, e nunca pago mais de 5 euros e muito pouco... tinha feito melhor em ter-me deixado trocar de táxi...
primeiro foram os protestos indignados mas moderados - como é que eu havia de pensar tal coisa dele. depois as desculpas esfarrapadas mas educadas - tinha-se enganado como qualquer um se pode enganar. finalmente, e já perante os sinais proibidos na saraiva de carvalho, que nos impediam de virar para a ferreira borges e depois, na ferreira, nos impediam de virar à direira para a rua da arrábida, desligou o taxímetro.
a electricidade no interior do veículo era relativamente elevada quando entrámos na joão V, e talvez por isso ele esqueceu-se de virar à direita apesar de me vir a repetir a necessidade de "apanharmos já a rua dos alunos de apolo". travagem brusca, viragem quase contra um outro carro e em fundo "mas deixe estar que eu levo-a mesmo à porta".
à desfilada pela rua silva carvalho adiante voltou a falhar a rua da arrábida, à esquerda.
- era ali, era ali. mas olhe eu fico mesmo aqui.
- não, não eu levo a senhora mesmo à porta.
em marcha atrás chegámos mesmo à porta. a porta estava fechada. bati durante bastante tempo e ninguém abriu. afinal o azar era generalizado, o motorista não estava sozinho no mundo.

para chamar a polícia

motorista novo e despachado, fazia gosto em mostrar-se viajado e informado por oposição a nós portugueses que, por não sairmos daqui, pouca ou nenhuma informação tínhamos sobre o mundo. a área do conhecimento na qual, segundo ele, mais atrasados nos encontramos, é a da segurança. espanta-o particularmente o facto de não termos informação sobre algumas questões básicas.
- por exemplo, "você" sabe qual é o número da polícia?
- o 112?
- não isso é a emergência. se "você" estiver aflita, durante um assalto e quiser ligar para a polícia basta escrever polícia no telemóvel e fica logo em contacto com eles.
- a sério?
- claro, as pessoas é que não sabem.
na ânsia de me transmitir mais informação útil, passou por cima da minha pergunta "mas onde e como é que o senhor aprendeu tal coisa?", para voltar a testar a minha ignorância
- e "você" sabe o que fazer se for apanhada numa máquina multibanco ou se for forçada a ir a uma para levantar dinheiro para o ladrão?
- não faço ideia...
- vê?! e é tão fácil. só que as pessoas não sabem. basta marcar o seu código ao contrário, de trás para a frente. a máquina alerta logo a polícia.
- verdade?
mal me apanhei cá fora, e ainda espantada pelo seu conhecimento, sobretudo se comparado com a minha ignorância, fiz ouvidos moucos aos prudentes e insistentes conselhos filiais para não maçar a polícia e escrevi p-o-l-i-c-i-a no telemóvel, preparada para pedir logo desculpa ao sr. guarda dizendo que me tinha enganado. infelizmente começou por dar sinal de ocupado e depois desligou-se.
convencida de que não tinha conseguido falar com a polícia só porque não tinha posto o acento no i (o meu tm só tem teclaro inglês) dirigi-me entusiasmada para o multibanco da loja de conveniência em frente. aí, contudo, a minha filha impediu-me fisicamente de fazer a segunda experiência da noite com medo que o polícia, ao vir ter connosco, deixasse o colega sozinho na esquadra ou não fosse socorrer uma pessoa em perigo real por força da minha vontade de experimentação.
eram duas da manhã quando cheguei a casa e a primeira coisa que fiz foi ligar para o banco. depois de uma breve introdução fui direita ao assunto. mas, para grande tristeza minha, a resposta foi peremptória: "não minha senhora, nunca ouvi falar nesse sistema, nem em portugal nem em espanha."

para poupar no irs

o motorista era um homem de 44 anos licenciado em gestão. apesar de não ter gostado nada de contabilidade, enquanto estudante, tinha agora, a meias com a mulher, a contabilista da família, um gabinete de contabilidade. aproveitou a viagem (ou fui eu que a aproveitei?) para me ensinar alguns truques legais destinados a poupar no irs. por exemplo, se se comprar lenha, deve-se guardar o recibo pois o valor gasto pode ser descontado na rubrica "energias renováveis". só que, segundo acentuou, "é preciso é ter lareira"!