2007-08-13

"inspiração para palestra"

do taxitramas
O passageiro embarcou no táxi com uma expressão muito séria. Informou o local onde desejava ir e não falou mais nada. Parecia preocupado. Achei melhor não puxar assunto.
Sem dizer nada, ele estendeu o braço e pegou um dos exemplares do meu livro, que sempre deixo em exposição sobre o painel do carro. Como o subtítulo diz tudo - "Diário de um taxista" - , resolvi não falar nada.
O homem escolheu uma página qualquer e pôs-se a ler. Com o canto do olho, fiquei controlando as reações dele. Meu passageiro parecia estar preso ao texto. Aos poucos, suas feições foram descontraindo. Mais tarde, já com um sorriso nos lábios, mas ainda sem dizer uma só palavra, ele recolocou o livro no painel.
Curioso, não resisti e perguntei o que ele tinha achado. Ele comentou que o livro parecia bom. Disse que, apesar de nunca ter ouvido falar dele, o tal Mauro Castro parecia competente. Por fim, perguntou se eu conhecia o autor do livro. Respondi que, de certa forma, sim.
A essa altura, paramos na esquina da Garibaldi com a Independência. Fiz um sinal de luz para o Wagner, um jornaleiro amigo meu que trabalha naquela esquina. Ele logo me alcançou o Diário Gaúcho. Disse que tinha acabado de ler minha coluna e, como sempre, achava que eu estava mentindo. Agradeci o elogio.
Abri o jornal e mostrei ao passageiro a coluna que trazia a minha foto. Só então ele se deu conta que o taxista ao seu lado era o autor da coluna no jornal e, por conseqüência, do livro. Ficou espantado!
O resto da corrida foi pura descontração. Ele revelou que estava indo para um congresso sobre educação, no qual seria palestrante. Disse que estava angustiado pois, até embarcar no meu táxi, não tinha nada realmente inspirador para falar à platéia.

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