2007-05-31

what a non-'embrulho'!

this is definitely
very good news
for all taxi drivers
around the world...

mt obrigada
sweet rosava!

2007-05-28

grande reportagem



P. mas que ideia tão simpática esta de ter cá jornais e revistas à disposição dos clientes... e o jornal é sempre do dia?
T. tento que seja. e também as revistas, as últimas. geralmente a sábado e a caras, assim...
P. é realmente fantástica esta sua salinha de leitura. e foi sua a ideia? é que nunca tinha visto nada de parecido...
T. foi, este é o único táxi de lisboa com jornais e revistas, as revistas são mais para aquelas pessoas que ficam tontas a ler em andamento.
P. então podem ler nas bichas, lisboa dá bem para isso. agora só faltava era uma máquina de café... bom, mas a pagar senão os senhores, que já não ganham para o tabaco, iam à falência. não se importa que eu tire uma fotografia?
T. todas as que quiser...

2007-05-26

raiva fiel

P. eu estava mesmo quase a desistir. já passam mais de dez minutos da hora marcada. e depois era uma raiva, só passavam táxis vazios...
T. sabe o que é, são tudo aprendizes... eu já lhes vou dar o chá!
começa a chamar a central e, uma vez atendido, finge, na conversa com a "aprendiz" que ainda não me encontrou, e que vai então à minha procura, numa estratégia admoestativa cujo funcionamento me escapa.
P. que raiva! já pensei em mudar de companhia mas o que é quer, sou conservadora...tenho este apego antigo à autocoop...
T. mas aquilo está muito mal na central. é só aprendizes. e ainda por cima põem-nas a lançar chamadas para o ar a estas horas de ponta. é que elas são tão ignorantes que nem falar sabem ... outro dia era uma que em vez de dizer 'sapadores' dizia 'sopadores'.
P. se calhar vêm de fora de lisboa...
T. tão-se é nas tintas. ainda para mais a chefe delas foi despedida de outra companhia. está ver a competência. aquilo vai por lá uma caldeirada...
P. pelas suas palavras cheira-me mais a 'sopeirada'!

lêgal

P. ...mas sabe porquê? porque se pensar bem as pessoas, em si, nunca são ilegais... não há pessoas ilegais...
T. ilegais ou 'sem papéis', no fundo tanto faz. o que importa é se que eles todos não trabalhassem um dia o país parava. e o sr. ministro não almoçava!

2007-05-22

a via

T. esta rotunda
aqui então é
um poço de porradas...
P. mas porquê?
T. porque ninguém
procura a via.

colombo

T. ... aquele edifício ali está fechado há mais de 20 anos. não deitam abaixo nem constroem nem fazem nada...
P. se calhar estão à espera de que o terreno se valorize...
T. não é isso. há ali é problema qualquer com a câmara. os herdeiros são muitos,não se entendem. um é pobre o outro rico. a câmara queria comprar por uma bagatela... é que aquilo ali puxa, ali é preço de ouro.
P. mas o senhor sabe quem são?
T. sei. a senhora sabe que a obra do colombo esteve embargada dois anos?
P. não sabia...
T. pois esteve, dois anos. é que lá no meio havia um terreno que era meu. o dono comprou o terreno a um indivíduo que o vendeu como se fosse tudo dele. ora 674 metros quadrados, mesmo no meio, eram meus ... que eu comprei a uma velhota. e fez-se a escrita pois está claro...
P. mas como é que o senhor descobriu?
T então nesta profissão ... começo a ver as fundações no meu terreno - os gajos estão a construir naquilo que é meu! liguei logo para ao meu advogado e o advogado embargou logo a obra. eu tinha a escritura dos 674 metros quadrados e o outro vendeu aquilo que era meu. o dono do colombo não tinha qualquer problema, comprou e pagou a 65 contos o metro quadrado. o outro gajo é que teve de devolver-me a mim, a 174 contos o metro quadrado... o construtor ainda tentou continuar a obra fora daquela zona mas mal começava a trabalhar era logo embargado. foram dois anos.. tanto que o dono teve um prejuízo enorme.
P. pois, calculo.
T. a senhora consegue escrever em andamento? a caneta deve fugir de vez em quando...
P. malzote... mas olhe, o que eu lhe digo é que se o sr. não tivesse reparado nas fundações era agora dono de uma bela loja mesmo no meio do colombo...
T. o mal foi eu não ter deixado construir... já dava uma grande embrulhada. e também, já estou como diz o outro, sete palmos de terra chegam...

2007-05-21

marquês seguro

P. desculpe é uma viagem muito curta mas a verdade é que estava com medo de atravessar o marquês a pé a esta hora da madrugada...não há ninguém e está tudo tão escuro
T. mas olhe que não dever haver sítio mais seguro em lisboa. eles puseram para aí tanta câmara de televisão. é câmaras por todo o lado. estão sempre a ver o que se passa... se houver um acidente, em menos de dois minutos já cá está a polícia...
P. mas não é que era proibido, por lei, instalar câmaras de televisão nas ruas?
T. ora, eles dizem que é para controlar o trânsito e já está...

terra maldita

T. ia mesmo agora render...
P. mas então não lhe dá jeito levar-me?
T. não, a senhora por acaso até me fica em caminho... antes de render ainda quero ir ao horto do campo grande que a minha mulher faz hoje anos...
P. ah e vai oferecer-lhe flores...
T. eu nunca dou flores, prefiro oferecer plantas que duram mais. vou comprar-lhe um daqueles limoeiros pequeninos que dão limões todo o ano e flores, às vezes ao mesmo tempo
P. também já lá comprei uma mini romãzeira lindíssima que todos os anos dava romãs e tinha umas flores lindas. mas depois transplantei-a e secou.
T. isso é da terra que eles vendem...
P. mas eu não sei se usei terra deles. mas o senhor acha que a terra deles não presta?
T.não é não prestar. é que mata mesmo. não se pode comprar lá terra. eles misturam uma coisa qualquer que seca as plantas todas. eu tenho um amigo, uma pessoa muito idónea, que sabe o que diz. ele é que me contou essa aldrabice e como é que eles fazem...
P. ah mas fazem de propósito?
T. claro, a terra mata as plantas e as pessoas assim vão comprar mais. a senhora, se lá vai também, nunca compre a terra deles. aquilo mata tudo o que lá se lhe põe...

2007-05-19

embrulhos

T. ... é um vigarista. uma vez até já me peguei com ele. eu tinha apanhado duas espanholas na praça de espanha. elas tinha três malas e quiseram saber quanto é que custava levá-las na bagageira. disse-lhes o preço, 1,60 e elas queriam saber se era 1,60 por mala ou se era tudo um 1,60. lá expliquei que era sempre 1,60 fosse uma mala ou seis ou sete, desde que coubessem. vá que também ppudiam levar uma ao colo não pagavam mais por isso. agora se fosse muita bagagem tinham que ir dois carros. o que é que tinha acontecido? dias antes elas tinham pago, do aeroporto para o hotel, 1,6 por cada mala. pagaram 4,80 e acharam caro por isso é que estavam a perguntar-me, para confirmarem.
- sim mas aí que culpa teve o porteiro da aldrabice do taxista?
- então estava feito com o outro... foi ele que lhes disse, quando elas chegaram do aeroporto, quanto é que custava o transporte da bagagem ... ele fala inglês e espanhol, tudo e sei lá o quê. bom as espanholas estavam mesmo furiosas. quando chegamos, a primeira a sair virou-se logo para o tipo a dizer-lhe que não havia direito que eles a tinha intrujado. depois a outra só insistia que ia fazer queixa dele ao director. e eu a apreciar a cena... bom quando aquilo acalmou ele deitou-me cá uns olhos... ainda hoje me olha de lado. por isso é que eu nunca faço sala. já sei como é. para serviços bons, cascais, sintra são os amigos. os 'embrulhos' ficam para nós...

sem pressa

T. mas a senhora tem ali uma praça...no hotel.
P. eu sei mas o que é que quer deu-me para embirrar com o porteiro...
T. também não vou nada à bola com ele... por isso é que não faço lá sala. é deixar os cliente e vir-me embora. outro dia apanhei um fulano, que era preto, aí com uns, não sei com eles é difícil ver a idade, talvez 30, mala de computador. 'se faz favor é para o marriot'. pronto, tudo bem lá fomos. à chegada, o tipo não veio com pressa
- quê para não abrir a porta ao cliente?
- ou para o chatear... não veio com muita pressa...
- e depois?
- ele ficou sentado à espera que ele chegasse e lhe abrisse a porta...

2007-05-15

(não) são rosas

T. se faz favor não deixe cair migalhas.
P. são uvas...
T. ah desculpe julguei que a senhora estava a comer um bolo...
P. está desculpado. é servido?

2007-05-12

epifania

P. é para a universidade católica se faz favor.
T. mas já lá não há muitos católicos pois não? uns cínicos...
P. não sei, acho que vai havendo... tem por acaso uma caneta que me empreste?
T. e hipócritos ...
P. estou aqui a tomar umas notas ... para uma aula ...
T. é o que se chama uma aula tremida ...vou passar o sinal encarnado por conta do sócrates… nunca houve tanta gente com canudo e mesmo assim as pessoas hoje são mais estúpidas do na idade da pedra lascada. tudo apita pá... bem, realmente a bicha já chega aqui acima. isto o que nos vai valendo é a justiça divina...
P. então o senhor ainda há pouco vociferava contra os católicos?!
T. eu sou o que se chama um agnóstico, mas não duvido da existência de uma justiça divina – então não verdade que todos nascemos sem nada e sem nada morremos todos ricos ou pobres, então não vê a doença do filho do melo não sei quantos? e como apodreceu para ali até à última o champalimaud - por isso é que ele fez aquela fundação...
P. sim mas eu inclino-me mais para a justiça humana...
T. não, há-de haver, o que é não sei, mas há de haver qualquer coisa acima de nós, uma coisa justa que não sei o que é, nem como se chama. até porque está a ver, se fossem os homens a mandar só morriam alguns...

2007-05-09

associação


P. era para a rua general roçadas. se calhar não sabe onde é, é uma ruela mínima, até acho que é uma espécie de beco que fica ali ao pé do hospital d. estefânia. vai dar...deixe ver à rua onde dantes era a academia militar
T. não será a general garcia rosado?
P. não sei, talvez era um general qualquer...
T. acho que é a general garcia rosado... mas se a senhora sabe lá ir vemos no local
P. combinado
...
P. caraças que o senhor percebe mesmo disto...
T. não, foi por uma questão de associação. como falou na rua general roçadas e essa não fica para aí, liguei...
P. os generais...
T. não, foi uma associação que eu fiz. liguei os dois nomes entre si. o que eu fiz foi associar o nome 'roçadas' ao nome 'rosado' e cheguei ao 'garcia rosado'. é como nós falamos - por associação...

2007-05-08

hámanhã?

P. parece que cheira a tinta aqui dentro, o senhor não sente?
T. sim cheira um bocadinho...isto amanhã já não se sente...
P. é que cheira mesmo bastante. não tem medo de andar aqui com este cheiro a tinta?
T. isto é só hoje, amanhã já não vai cheirar a nada...
P. mas pintou o carro ou quê?
T. isto é por pouco tempo, daqui a nada já não se sente o cheiro...
P. está bem mas enquanto não passa o senhor vai-se intoxicando metido aqui dentro com este horrível cheiro a tinta. eu aindo saio daqui a uns minutos... mas pintou o carro por dentro= ou foi por fora e o cheiro entra por essa sua nesga de janela aberta?
T. isto amanhã já passou, amanhã já não cheira a nada...

a força do sorriso

T. está a ver estes portugueses?
P. quais?
T. então não viu como aquele carro se meteu à nossa frente? a senhora que trabalha na universidade deve conhecer os portugueses...
P. não sei se conheço. mas pode ser que ao volante os nossos instintos venham ao de cima...pelo menos é o que se diz.
T. não, acho que não é isso. eu uma vez - eu vivi 32 anos na suiça - há alguns anos, mesmo aqui neste sítio, neste marquês, fui atrás de um que se atravessou à minha frente ...
P. mas chocaram?
T. só não chocámos porque eu consegui travar a tempo... fui atrás dele, pela duque de loulé acima, e meti-me à frente dele...vi logo que ele era imigrante na suiça.
P. mas como é que conseguiu ver isso?
T. percebia-se tão bem. ele até era imigrante noo meu cantão. e sabe o que é que ele me disse quando eu lhe perguntei se guiava assim na suiça? que se limitava a fazer cá o que toda a gente fazia...
P. e o que é que se faz de diferente cá?
T. é tudo. lá há respeito. os condutores, as autoridades. até os peões. a senhora não vê as pessoas aqui nas passadeiras?
P. pois é, se a gente não avança os carros não páram...
T. sim nalguns casos. mas muitas vezes são as pessoas que atravessam de qualquer maneira. e ainda nos olham com uns olhos... como se nos quisessem fazer não sei o quê, como se fossem donos sei lá de quê. e as coisas não são assim...lá na suiça, as crianças aprendem na escola que quando se chega a uma passadeira se deve sorrir. dá-se na escola, vem em todos os livros. ensina-se logo aos miúdos que primeiro se olha, para um lado e para outro, e depois se sorri... e aqui o que é que se ensina? nada...

2007-05-05

felicidade


T. por onde é que a senhora quer ir?
P. eu gosto de virar aqui à direita...
T. gosta e vira...
P. sim mas não faço grande questão ...
T. mas eu é que gosto de ir pelo caminho preferido dos clientes. acho que eles assim vão muito mais satisfeitos...

2007-05-03

retriever

T. a esta hora já ele está sentado em frente da porta à espera do meu filho!
P. quem?
T. o cão...
P. mas não estava a dizer que era uma cadela?
T. isso era outro...também era uma retriever. o retriever é uma raça excepcional. mas não sei, parece que as cadelas são mais mimosas. não é que ela não soubesse quem era a dona, mas os retriever são assim: são amigos de toda a gente mas dono é só um...
P. então quem era o dono dessa?
T. era a minha mulher. a cadela era o ai jesus dela ... ou ela é que era o ai jesus da cadela. olhe que um dia, de brincadeira com a minha mulher, agarrei-lhe assim no pescoço e ela deu um grito. bom... a cadela abriu assim os lábios e começou a rosnar ... mas com uns olhos tão frios, mesmo gelados...
P. não podia saber se era a sério ou a brincar...
T. lá está, vá-se lá saber o que vai na cabeça dum cão!