2007-10-16

reeducação de primeiros-ministros

- eles estão sempre a dizer que a fazer asneiras é que se aprende mas depois não aplicam a máxima uns aos outros...
- o que é que quer dizer com isso?
- então o santana lopes não fez tantas asneiras enquanto lá esteve?
- lá isso é verdade não fez mesmo mais nada.
- e não foi corrido por essa razão? então deve ser o que mais aprendeu até agora. ele é que devia dar um bom primeiro-ministro, com tudo o que aprendeu...
- lá lógico, pelo menos do ponto de vista formal, o seu raciocínio parece ser. mas sound duvido um pouco.

tentativa de homicício

- a senhora parecia que me quer matar...
- oh valha-me deus que estupidez a minha, o senhor desculpe. peço-lhe mesmo desculpa. é que não vi que trazia o guarda-chuva espetado para a frente...
- para a frente e para mim.
- mas que horror. é que eu nem sei como lhe hei-de pedir desculpa. mas magoou-se no olho? e os óculos veja lá se acertei e estraguei alguma coisa.
- foi por pouco...
- é que eu não costumo...
- bater nos motoristas de táxi?
- não, entrar assim num automóvel com o chapéu de chuva empunhado na direcção do seu condutor.

foto retirada daqui

2007-10-11

não sei se faz sol se chove

- sabe, então não sabe. há tantas palavras iguais: porta, bom-dia, ...
- ah sei uma - 'rabaxi' sabe?
- sei claro. em castelhano também não há essa palavra. só em catalão.
- e depois também sei o resto de uma cantiguinha - também ensinada pela senhora de que lhe falei - que acaba com "no se si fa sol si plo".

o preço das auto-estradas

- mas como é que foi capaz de trocar espanha por portugal, sobretudo vindo da catalunha?
- sabe é que há 18 anos, quando eu casei e resolvemos ficar aqui a situação era muito parecida...
- sim mas entretanto as coisas mudaram e de que maneira!
- eu não digo mal de portugal...
- mas pode dizer.
- não digo. nem tenho razão para dizer. os portugueses é que estão sempre a dizer mal de portugal. eu estou bem cá. fiz a minha vida, ganhei dinheiro, é claro que me saiu do corpo mas tenho uma boa vida.
- e agora com as auto-estradas vai muitas vezes a barcelona?
- vou. e é divertido porque gasto mais dinheiro para ir de lisboa a badajoz do que de badajoz a barcelona...

2007-09-22

ricos mas grossos

- e isto não é nada... havia de ver isto de madrugada, quando eles começam a ficar todos bêbados.
- não sei, de facto nunca vi de madrugada mas agora mesmo, no táxi do seu colega, não era só não se poder entrar. é que eles estavam sentados no em cima, à frente, atrás. o motorista, lá dentro, parecia estar sequestrado no meio desta turba ululante de miúdos.
- então eles saem cá fora e põem os copos e as garrafas no tejadilho...como se não estivesse ninguém dentro do carro nem nós não estivessemos a trabalhar...
- mas e nunca nenhum dos senhores saiu do carro para dar um tabefe a um desses meninos?
- houve uma vez um colega que arrancou com o carro e partiu-se o que estava lá em cima. quando ele saíu para fora houve pancada e tudo. um deles até era o filho daquele advogado X muito conhecido. agora está tudo em tribunal. o problema é eles embebedarem-se...
- não sei, se calhar o problema está mais na má-criação do que na bebedeira.
- lá isso é verdade. assim como há bêbados mal-educados também os há bem-educados... mas olhe não são estes meninos das famílias ricas e finas!

2007-09-06

taxi e psicanálise

"Quand je prends le taxi, soit le chauffeur parle beaucoup, soit c’est moi qui l’abreuve de paroles, soit c’est le silence. Le taxi peut devenir, le temps d’un trajet, l’occasion de s’offrir une «petite psychanalyse» (ênfase da passageira). esta descrição da viagem de táxi, com a qual estou inteiramente de acordo, é do realizador de "trés bien merci", um filme no qual uma das personagens principais (Béatrice), sendo motorista de taxi tem o trabalho ideal para tomar o pulso a uma cidade e à sociedade em geral

2007-09-05

taxi festival 

festival 
internacional 
do taxi
 

decorre 
em  lisboa
durante  todo  o
mês  de  setembro

tudo no site do festival 

taxis e taxistas no cinema

"Meio de transporte urbano por excelencia, o taxi ocupa um lugar de destaque no cinema de qualquer pais. Local de passagem, ou de transicao de um espaco dramatico para outro, esta, muitas vezes, fortemente associado a propria intriga dramatica. Com mais frequencia como meio de perseguicao, gerando, inclusive, um cliche bastante parodiado (o taxi que segue outro taxi, perante o entusiasmo do motorista, que se ve transformado em personagem da intriga, sem esquecer o taxi que surge “milagrosamente” da esquina a um assobio do heroi!). Mas pode ser, inclusive, o proprio campo do drama, de crimes misteriosos (O TAXI 9297, de Reinaldo Ferreira) ou de absurdos e sangrentos actos de violencia (DINA E DJANGO, de Solveig Nordlund, e o tragico episodio do DEKALOG de Krzystof Kieslowski a volta do mandamento “Nao Mataras”, que reflectem uma dramatica realidade que encontramos com frequencia nas paginas dos jornais). Em colaboracao com o Festival Internacional do Taxi, organizado pelo Institut pour la Ville en Mouvement, e que decorre em Lisboa neste mes de Setembro, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema organiza um Ciclo que tem este meio de transporte como “actor principal”, reflexo da “cidade em movimento”, com uma serie de filmes onde o taxi, ou quem nele trabalha, tem uma forte funcao na narrativa, surgindo ora como um autentico microcosmo social, com o permanente desfile de passageiros, de que o exemplo mais sugestivo e o filme de abertura, o classico de Martin Scorsese, TAXI DRIVER (que encontra um reflexo documental no trabalho da holandesa Heddy Holigman, METAAL EN MELANCHOLIE), ou como “palco” de comedia em duas divertidas comedias sentimentais, THEY MET IN A TAXI e PECCATO CHE SIA UNA CANAGLIA. O Ciclo continuara no mes de Outubro. Mais taxis. O titulo da retrospectiva e extraido de uma replica celebre de Stan Laurel (“O Estica”) a Oliver Hardy (“O Bucha”). Este, pressionadissimo e em apuros, pede ao Estica, que nada percebe do que se esta a passar: “Chama-me um Taxi”. Imperturbavel, o Estica vira-se para ele e responde: “Tu es um Taxi”." (texto retirado da programação da cinemateca poruguesa)

2007-08-27

primeiro-ministro


P. desculpe?
T. estava a dizer que os beijinhos é só quando precisavam. depois só nos
desprezam. a mim não, porque eu não lhe bato...

noventa e nove por cento

T. lá estão eles todos à espera...
P. mas é de facto aqui que vive o primeiro-ministro?
T. então não é?! não sei é para que é que ele precisa de tantos guarda-costas.
P. não sei, é de regra...
R. oh minha senhora neste país ninguém faz mal a ninguém. até parece que quanto mais nos batem mais a gente se encolhe.
P. talvez haja alguma razão no que o senhor está a dizer...
T. noventa e nove por cento.

2007-08-20

sem com versa

em blog alheio ao mundo dos taxicabs, a passageira encontrou este post ao qual acrescentou este comentário
se calhar o tipo tinha visto, no último tarantino, o gozo frenético mas punitivo das heroínas (o bem) a baterem na traseira do carro do vilão (o mal). ou então limitou-se a verbalizar fantasias de todos (?) os condutores de automóveis, coisas que, como se sabem, facilmente se deixam usar como instrumentos fálicos de agressão. o ps, se pensar na profissão lixada (para evitar o uso da palavra mais apropriada neste caso) do 'seu' motorista de taxi e a comparar com o salário e outras compensações (materiais ou intelectuais) que ele recebe por ela, talvez desculpe, ao edil que nele (tão bem) detectou, a violência da política municipal.

2007-08-13

sem título

do paradise driver
It was a night of action, adventure and excitement. For everyone, except me.
...
Later in the evening I picked up a nice family out of El Lay from Safeway back to Wailea. They expressed an interest in living on Mau'i when they reached their sunset years. I told them that it is not as idyllic as it seems from a tourist POV. On any given day 100 people move here from the mainland. One year later maybe 1 of those is still on Mau'i. They can't adapt to the culture shock. We are the richest "third world" nation and the operative phrase is "THIRD WORLD". The way things run here is like nowhere else in America. I've harped on this before, as my regular readers are aware. Mau'i is not Lodi nor Springfield and is definitely not El Lay, "Shy Town" or NYC. Anyone thinking about living here should probably take an extended leave-of-absence before selling the ol' family estate. Come and rent a place for a year before casting your lot. This way you have something to fall back on when everything goes to hell-in-a-handbasket.
...
Well, I made it through the week. I sure hope this Quasimodo hunchbacked stance I've developed starts fading over my days off.
I know, I know. Life's a bitch and then you die.

"fun times"

do newyorkhack
I had a good night.
...
All night long, each good ride led to the next.
...
As I passed Columbia on my way back downtown, I got flagged by a very pregnant, thirty-something lady dressed in hospital scrubs and a stethoscope. She had a phone to her ear and, when she got in, said, "59th and Amsterdam." But then a second later, she said, "Actually 59th and 3rd." And then another second later, "Let's make that 59th and Lex."
Finally she hung up the phone and said, "I'm sorry. My husband was barking orders at me on the phone."
We didn't talk for the rest of the ride.

sem título

do fogareiro
Troquei uma «corrida» por um livro de poesia. Foi assim: o Nuno Silva, um bom amigo e agora também editor (Sombra do Amor), telefonou-me para transportar o último livro do jovem poeta M. Tiago Paixão («l´étranger the outkast ou o quarto sem ar»). No final da «corrida» fiz-lhe uma proposta: ele não pagava o serviço do táxi e, em contrapartida, eu ficava com um livro, autografado e tudo pelo autor... Já li e tirei uma conclusão: fiquei a ganhar!

"Vuelta al trabajo : Terremoto"

do taxista de madrid
Vuelo a trabajar después de unos días de vacaciones, y Madrid está...vacío. No hay nadie en este agosto a pie de puente y de primera quincena.
Los pocos clientes van a aeropuertos ó estaciones. Uno de ellos me dice:
-- Me voy de vacaciones. Lo siento por los que vuelve.---
Y me tengo que callar las palabras.
¡Qué duro es volver cuando media ciudad esta de vacaciones ¡
Será por eso que a las 9.47h tembló la tierra en Madrid y media España. Creo que no ¡ Pero no estoy seguro que mi cabreo interior no se trasmitiera a estrastosfera, rebotara, cayera en Ciudad Real, y sus vibraciones llegaran hasta Madrid.
Lo que me faltaba : terremoto.
Claro que no lo he notado ¡¡

"inspiração para palestra"

do taxitramas
O passageiro embarcou no táxi com uma expressão muito séria. Informou o local onde desejava ir e não falou mais nada. Parecia preocupado. Achei melhor não puxar assunto.
Sem dizer nada, ele estendeu o braço e pegou um dos exemplares do meu livro, que sempre deixo em exposição sobre o painel do carro. Como o subtítulo diz tudo - "Diário de um taxista" - , resolvi não falar nada.
O homem escolheu uma página qualquer e pôs-se a ler. Com o canto do olho, fiquei controlando as reações dele. Meu passageiro parecia estar preso ao texto. Aos poucos, suas feições foram descontraindo. Mais tarde, já com um sorriso nos lábios, mas ainda sem dizer uma só palavra, ele recolocou o livro no painel.
Curioso, não resisti e perguntei o que ele tinha achado. Ele comentou que o livro parecia bom. Disse que, apesar de nunca ter ouvido falar dele, o tal Mauro Castro parecia competente. Por fim, perguntou se eu conhecia o autor do livro. Respondi que, de certa forma, sim.
A essa altura, paramos na esquina da Garibaldi com a Independência. Fiz um sinal de luz para o Wagner, um jornaleiro amigo meu que trabalha naquela esquina. Ele logo me alcançou o Diário Gaúcho. Disse que tinha acabado de ler minha coluna e, como sempre, achava que eu estava mentindo. Agradeci o elogio.
Abri o jornal e mostrei ao passageiro a coluna que trazia a minha foto. Só então ele se deu conta que o taxista ao seu lado era o autor da coluna no jornal e, por conseqüência, do livro. Ficou espantado!
O resto da corrida foi pura descontração. Ele revelou que estava indo para um congresso sobre educação, no qual seria palestrante. Disse que estava angustiado pois, até embarcar no meu táxi, não tinha nada realmente inspirador para falar à platéia.

2007-08-09

o taxista e a taxista

para lá, a passageira teve a agradável surpresa de se encontrar sentada atrás de uma doce cabeça feminina, de cabelo muito claro, à qual perguntou se era estrangeira. ao que a taxista respondeu que não, que era portuguesa e que a claridade do cabelo provinha da idade e não da nacionalidade. para cá, deparou com umas terríveis trombas masculinas, e, depois de entrar, contra-feita, num carro parado a contra-gosto, lá teve de lidar, muito contra-riada, com um taxista sempre muito contra-produtivo.
- a avó achou que este senhor era bem educado? perguntou a minha m. à saída.
- uma verdadeira besta, respondi desabrida.
- ele assim não pode dar bons exemplos aos netos, comentou, sempre filosófica, a minha m.
como contra-ponto contei-lhe a história da senhora taxista referindo que, em contra-partida, ela era a boa-educação em pessoa.


2007-07-26

posto de observaçao

descoberto novo blog de taxista com o sugestivo nome de cabs are for kissing. a conduzi-lo alguém que há muitos anos observa e pensa (pelos vistos até fotografa) pessoas que se vêm cruzando com ele, ao longo do tempo, em manhattan. na foto, um desses 'outros' que, por se destacarem da multidão, ele reconhece e pelos quais se interessa. outros cujas vidas ele só pode fantasiar, incapaz, por delicadeza, de os abordar e perguntar quem são, o que pensam, fazem e sentem.

2007-07-25

pelo sim pelo não

os motoristas de táxi guiando carros com o número 666 não perdem nada em ler este post, escrito por um seu colega londrino, a respeito dos perigos incorridos pelos taxistas condutores de viaturas às quais a sorte (ou o azar...) atribuiu o que se diz ser o número do demónio. na foto, o presidente do que parece ser uma antral local (são francisco, wherelse?), vestido a rigor, durante o julgamento que recusou a petição de michael byrne para não usar o número satânico, já recusado no ano passado por outro motorista.

2007-07-22

viagens


no taxi de nuit
aparece uma bela história.

2007-07-17

book update


taxistas e passageiros get ready,
é já em agosto que sai o livro da
melissa.
e é uma edição encadernada!

2007-07-11

carteira


T. dantes tinha-se a carteira profissional pelos anos agora é pelo euros...
P. e quem é que vos dá a carteira?
T. dantes era a direcção geral de viação, agora é antral. mas não lhes iteressa saber se a pessoa tem cadastro, se é equilibrada aou desiquilibrada, nada. desde que pague e vá lá aquela meia dúzia de vezes exigida para fazer a dita formação, já está com a carteira profissional nas mãos.

2007-07-03

o zé e o manel

P. desculpe lá se preferia ir por campolide. mas sabe que eu sou muito como os burros, vou sempre pelo mesmo caminho...
T. a senhora agora lembrou-me uma história que o meu pai contava. antes de ele vir para lisboa, onde era estivador, tinha sido pastor na serra da estrela. e na aldeia dele havia um ti-zé que tinha um burro que era o manel. ele gostava muito da bebida e nos dias em que estava mais pingado adormecia na carroça e era o burro que o levava para casa. uma vez ou outra o gnr via a carroça um bocadinho fora de mão ou não sei quê e mandavam parar. o ti zé acordava meio estremunhada e acusava o burro. ele não tinha culpa nenhuma, vinha a dormir, o manel é que vinha a conduzir por isso eles que multassem o burro. um dia, já estava chatiado de pagar multas, resolveu chatiar a gnr que ele sabia que estava a fazer uma operação stop. meteu o burro em cima da carroça e pôs-se ele a puxar por ela estrada fora.

silêncio

passageira pouco à altura dos motoristas de táxi que a levam para e por onde ela lhes pede. envolvida com as suas próprias ideias, falta-lhe espaço interior para as ideias alheias.

2007-06-26

donos e empregados

T. a senhora há-de reparar que todos os velhotes, sabe dos que eu estou a falar, os mesmo velhotes, 99,9% deles, vão sempre pelos trajectos com mais sinais e mais trânsito...
P. mas porquê os velhotes?
T. porque são os donos dos táxis. aos donos é que interessa o pára-arranca. para os empregados, que ganham à comissão, o que é bom é andar. por exemplo a mim agora o que me interessa é despachar a senhora o mais depressa possível para apanhar logo outro passageiro. olhe ali estava um...
P. oh diabo, que maçada. eu até podia ter saído ali, é tão perto da minha casa...
T. oh minha senhora, por amor de deus. a senhora sai exactamente onde quiser e quando quiser. quero lá saber do serviço...
...
P. então boa-noite e espero que agora, despachada esta passageira, apanhe logo outra!

tv on board

quando entrei julguei que o taxista tinha o rádio ligado numa estação brasileira. passado algum tempo, percebi que não era música o que o ele tentava ouvir, todo inclinado para o lado direito, mas uma conversa entre várias pessoas. em certo momento, algumas gargalhadas do taxista, despertaram a minha curiosidade. pus-me então à escuta, concluí que se tratava de uma espécie de teatro radiofónico e tirei a minha atenção daquilo em que o taxista punha a sua. chegada ao destino, inclino-me para a frente em busca do taxímetro e no lugar onde o imaginava vejo uma televisão a cores transmitindo uma telenovela brasileira. estava explicada a 'ausência' do taxista bem como a estranha postura do seu corpo, meio inclinado para a direita, os olhos movendo-se permanentemente da estrada para o 'rádio'. desta viagem fiquei com uma dúvida, não sei se existencial mas decerto vital (para a própria existência de taxista e passageira alike): se é legal ver televisão enquanto se conduz, porque raio há-de ser ilegal falar ao telemóvel?

2007-06-22

zé costa


T. é o o sá fernandes. ele achava que escondido tinha mais possibilidades de ganhar...
P. escondido como?
T. então, sem dar a cara... mas quem vai ganhar isto é o zé costa!

2007-06-20

praça

T.1. eu já transportei a senhora...
P. como está? eu também me lembro muito bem da sua cara.
T.1. não me lembro é para onde... mas já transportei.
T.2. para a alvares cabral!
T.3 para onde é que vamos?
P. então, é para onde disse aquele seu colega mais novo. é bom ser assim bem recebida.

2007-06-19

SOS

passageira procura o motorista de táxi, de seu nome domingos barros, que a transportou, no sábado 17 de junho, por volta das 11 da noite, entre a av. antónio augusto de aguiar (mais em menos em frente ao corte inglês) e a avenida alvares cabral. se por acaso passar por aqui, acidentalmente ler este apelo, e, por mera coincidência, conhecer a pessoa em causa, peço-lhe, encarecidamente, que lhe dê a morada deste blog.

2007-06-16

para cá: reencontro

P. ando a fazer um pequeno inquérito...
T. a senhora já me perguntou... não é a senhora que eu transportei outro dia...ia para uma aula...?
P. ah que já o estou a conhecer... mas que engraçado voltar a encontrá-lo!
T. a nossa conversa foi tão interessante, eu até contei à minha mulher, "vê lá tu que hoje transportei uma senhora que está a fazer isto assim assim...". eu tenho este hábito de contar o dia, quando chego a casa. não é tudo - há assim umas pessoas que entram e saem, mas há outras que me ficam...
P. também eu contei aos meus alunos que o tinha ensinado a dizer 'café' em chinês...
T. foi tudo muito engraçado. sabe que eu até depois fiz a pergunta à minha mulher e ela também disse que era o zé povinho. se quiser pode juntar mais esta resposta.
P. é que junto com certeza! foi um prazer revê-lo e tenho a certeza que nos havemos de voltar a encontrar

para lá: (des)encontro

T. já não é a primeira pessoa que me faz essa pergunta mas eu não lhe sei responder. ao princípio achava que era o josé sá fernandes mas depois percebi que não porque ele é 'josé' e este é 'zé'.

leitura recomendada

destes três livros, todos com origem nos blogs pessoais dos seus autores - motoristas de taxi - só o da melissa ainda não saíu (mas já pode ser pre-encomendado!)
taxi de nuit
taxitramas



2007-06-15

o zé é verde?

T. eu acho que não tem significado nenhum. aquilo é dos verdes, que tenho impressão que fizeram coligação com o pc. é de um candidato que, à partida, sabe que não vai ganhar...
P. acho que só o cartaz é que é verde. o zé não me parece que seja...
T. só quem percebe de política é que sabe quem ele é... mas há-de ser aquele que está encabeçado, que vai à frente nas eleições... olhe afinal é do bloco de esquerda, tem a estrela. e tem lá um nome. mas não se consegue ler...

foto de RVA

2007-06-12

(in)certezas

P. olhe, neste consegui ler um nome, virgílio castelo...
T. então o zé faz falta é um actor e um grande actor não haja dúvida, já tem muitos anos de actor. até tem 2 filhas da alexandra lencastre...
P. e é bonito...
T. é simpático - até fazia aquele programa à tarde para rir. então estávamos a perceber mal. eu não via lá sigla de partido nenhum, estava a achar muito estranho. só se será por aí algum filme que ele vai fazer... é isso de certeza. é um filme que ele vai fazer, de certeza absoluta.

2007-06-09

o zé e a fome


P. acha mesmo que sim?
T. esse zé... oh minha senhora esse faz tanta falta como a fome...

a falta do zé

T. primeiro achei que o nome por baixo era do autor da frase, mas depois vi que eram diferentes. não me lembro agora de nenhum. devem ser não sei, escritores e ... poetas, desse partido.
P. está bem ... mas quem é o zé?
T. há-de ser o zé povinho ...
P. certo, mas porque é que o zé faz falta?
T. o zé faz falta porque se não fosse o zé muitos deles não se governavam...

2007-06-08

o zé gato

T. eu também não faço ideia. mas posso arriscar...
P. está a brincar comigo não está?
T. não sei mesmo. mas como lhe estava a dizer posso arriscar - será alguém lá do partido que se chama josé?
P. mas não sabe mesmo a sério?
T. não faço ideia. mas acho, sei lá, tenho pensado é que possa ser lá um deles...
P. sim, é o josé sá fernandes, o candidato à câmara...
T. ah afinal eu tinha razão, sempre é alguém do partido deles. agora como é que havia de saber que era o sá fernandes se eu nem sequer sabia que ele se chamava josé? e a maioria das pessoas também não sabem, podem conhecer o sá fernandes, até pelo túnel mas sabem lá bem que ele é josé. pudiam ter posto o nome todo mas lá está, assim, o cartaz já não tinha tanta graça...
P. mas qual é a graça assim como está?
T. é não se saber quem é o zé. porque zé pode ser tanta coisa, até o zé gato...
P. esse não sei quem é...
T. era um guarda-redes do benfica.

2007-06-06

o zé e as praças

P. o senhor sabe qual é o nome por baixo deste zé aqui?
T. este não me lembro, eu sei que há um do barreto. foi o primeiro que eu vi. não me lembra onde é o que vi mas sei que vi.
P. eu vi foi um com a rita blanco...
T. há por aí muitos... ah já sei, o barreto é o da praça de espanha. eles estão mais é nas praças...

zé: povo e religião

P. quem será este 'zé'?
T. isto é um cartaz do bloco de esquerda.
P. pois, eu sei. não sei é quem é o zé - o que faz falta...
T. então o zé somos nós. é o nome mais comum, o zé povo, josé é o povo, a religião...

when the evening ...

T. com tanta conversa já não me lembro para onde é que eu ia...
P. bom, o senhor coitado ia para onde eu lhe tinha pedido.
T. é isso, para onde é que nós iamos...

ton sur ton


modelo profissional experimentando
uniforme desenhado para o meu tek-si...
obrigada!

2007-06-05

flores

T. ele parece é que atira para as flores...
P. o quê?
T. atira para as flores.
P. atira o quê?
T. para as flores, sabe...atirar para as flores
P. mas o que é que isso quer dizer?
T. então é um homem ... a senhora não sabe o que é atirar para as flores?
P. não faço a menor ideia...
T. é um homem... como é que eu hei-de explicar? assim por exemplo, um homem...
P. mas é uma pessoa fazer o quê?
T. não, não é uma pessoa, é um homem... são homens. o que eu estava a tentar explicar à senhora é que são aqueles homens assim...
P. homossexuais será?
T. pois é isso, é ser mariconço! é como se costuma dizer dos mariconços...
P. e eu que nunca tinha ouvido uma expressão tão bonita, tão romântica.
...
P. fico mesmo aqui obrigada, pague-se de 5 euros se faz favor.
T. obrigada e boa noite para a senhora. não se esqueça do 'atirar para as flores'!
P. é que nunca mais...

a noite e o medo

assustados com as sucessivas hesitações do inseguro condutor, agarrávamos-nos uns aos outros, como que para nos protegermos mutuamente, os olhos bem abertos e as bocas fechadas, à espera do pior... de repente, o silêncio é interrompido por um curto e sumido lamento:
T. isto hoje parece que toda a gente se mete à minha frente. até os pombos...

2007-05-31

what a non-'embrulho'!

this is definitely
very good news
for all taxi drivers
around the world...

mt obrigada
sweet rosava!

2007-05-28

grande reportagem



P. mas que ideia tão simpática esta de ter cá jornais e revistas à disposição dos clientes... e o jornal é sempre do dia?
T. tento que seja. e também as revistas, as últimas. geralmente a sábado e a caras, assim...
P. é realmente fantástica esta sua salinha de leitura. e foi sua a ideia? é que nunca tinha visto nada de parecido...
T. foi, este é o único táxi de lisboa com jornais e revistas, as revistas são mais para aquelas pessoas que ficam tontas a ler em andamento.
P. então podem ler nas bichas, lisboa dá bem para isso. agora só faltava era uma máquina de café... bom, mas a pagar senão os senhores, que já não ganham para o tabaco, iam à falência. não se importa que eu tire uma fotografia?
T. todas as que quiser...

2007-05-26

raiva fiel

P. eu estava mesmo quase a desistir. já passam mais de dez minutos da hora marcada. e depois era uma raiva, só passavam táxis vazios...
T. sabe o que é, são tudo aprendizes... eu já lhes vou dar o chá!
começa a chamar a central e, uma vez atendido, finge, na conversa com a "aprendiz" que ainda não me encontrou, e que vai então à minha procura, numa estratégia admoestativa cujo funcionamento me escapa.
P. que raiva! já pensei em mudar de companhia mas o que é quer, sou conservadora...tenho este apego antigo à autocoop...
T. mas aquilo está muito mal na central. é só aprendizes. e ainda por cima põem-nas a lançar chamadas para o ar a estas horas de ponta. é que elas são tão ignorantes que nem falar sabem ... outro dia era uma que em vez de dizer 'sapadores' dizia 'sopadores'.
P. se calhar vêm de fora de lisboa...
T. tão-se é nas tintas. ainda para mais a chefe delas foi despedida de outra companhia. está ver a competência. aquilo vai por lá uma caldeirada...
P. pelas suas palavras cheira-me mais a 'sopeirada'!

lêgal

P. ...mas sabe porquê? porque se pensar bem as pessoas, em si, nunca são ilegais... não há pessoas ilegais...
T. ilegais ou 'sem papéis', no fundo tanto faz. o que importa é se que eles todos não trabalhassem um dia o país parava. e o sr. ministro não almoçava!

2007-05-22

a via

T. esta rotunda
aqui então é
um poço de porradas...
P. mas porquê?
T. porque ninguém
procura a via.

colombo

T. ... aquele edifício ali está fechado há mais de 20 anos. não deitam abaixo nem constroem nem fazem nada...
P. se calhar estão à espera de que o terreno se valorize...
T. não é isso. há ali é problema qualquer com a câmara. os herdeiros são muitos,não se entendem. um é pobre o outro rico. a câmara queria comprar por uma bagatela... é que aquilo ali puxa, ali é preço de ouro.
P. mas o senhor sabe quem são?
T. sei. a senhora sabe que a obra do colombo esteve embargada dois anos?
P. não sabia...
T. pois esteve, dois anos. é que lá no meio havia um terreno que era meu. o dono comprou o terreno a um indivíduo que o vendeu como se fosse tudo dele. ora 674 metros quadrados, mesmo no meio, eram meus ... que eu comprei a uma velhota. e fez-se a escrita pois está claro...
P. mas como é que o senhor descobriu?
T então nesta profissão ... começo a ver as fundações no meu terreno - os gajos estão a construir naquilo que é meu! liguei logo para ao meu advogado e o advogado embargou logo a obra. eu tinha a escritura dos 674 metros quadrados e o outro vendeu aquilo que era meu. o dono do colombo não tinha qualquer problema, comprou e pagou a 65 contos o metro quadrado. o outro gajo é que teve de devolver-me a mim, a 174 contos o metro quadrado... o construtor ainda tentou continuar a obra fora daquela zona mas mal começava a trabalhar era logo embargado. foram dois anos.. tanto que o dono teve um prejuízo enorme.
P. pois, calculo.
T. a senhora consegue escrever em andamento? a caneta deve fugir de vez em quando...
P. malzote... mas olhe, o que eu lhe digo é que se o sr. não tivesse reparado nas fundações era agora dono de uma bela loja mesmo no meio do colombo...
T. o mal foi eu não ter deixado construir... já dava uma grande embrulhada. e também, já estou como diz o outro, sete palmos de terra chegam...

2007-05-21

marquês seguro

P. desculpe é uma viagem muito curta mas a verdade é que estava com medo de atravessar o marquês a pé a esta hora da madrugada...não há ninguém e está tudo tão escuro
T. mas olhe que não dever haver sítio mais seguro em lisboa. eles puseram para aí tanta câmara de televisão. é câmaras por todo o lado. estão sempre a ver o que se passa... se houver um acidente, em menos de dois minutos já cá está a polícia...
P. mas não é que era proibido, por lei, instalar câmaras de televisão nas ruas?
T. ora, eles dizem que é para controlar o trânsito e já está...

terra maldita

T. ia mesmo agora render...
P. mas então não lhe dá jeito levar-me?
T. não, a senhora por acaso até me fica em caminho... antes de render ainda quero ir ao horto do campo grande que a minha mulher faz hoje anos...
P. ah e vai oferecer-lhe flores...
T. eu nunca dou flores, prefiro oferecer plantas que duram mais. vou comprar-lhe um daqueles limoeiros pequeninos que dão limões todo o ano e flores, às vezes ao mesmo tempo
P. também já lá comprei uma mini romãzeira lindíssima que todos os anos dava romãs e tinha umas flores lindas. mas depois transplantei-a e secou.
T. isso é da terra que eles vendem...
P. mas eu não sei se usei terra deles. mas o senhor acha que a terra deles não presta?
T.não é não prestar. é que mata mesmo. não se pode comprar lá terra. eles misturam uma coisa qualquer que seca as plantas todas. eu tenho um amigo, uma pessoa muito idónea, que sabe o que diz. ele é que me contou essa aldrabice e como é que eles fazem...
P. ah mas fazem de propósito?
T. claro, a terra mata as plantas e as pessoas assim vão comprar mais. a senhora, se lá vai também, nunca compre a terra deles. aquilo mata tudo o que lá se lhe põe...